domingo, 6 de abril de 2008

Religião

considerações sobre religião em Kant Religare é um verbo de origem latina que significa ligar novamente. Tal é a etimologia do termo religião. Essa explicação encontra-se na literatura clássica e foi adotada pela patrística cristã (s. Agostinho) e pelos doutores da igreja da idade média (santo Tomás). Segundo essa explicação, religião quer dizer “prender o individuo a determinada fé e moral “ (Waldomiro O. Piazza. “Introdução à fenomenologia religiosa”). Em Kant, religião e moral não estão distante uma da outra, pelo contrário, estão bem próximas. No entanto, um ato falho do ser humano pode acaba por intentar a obstrução de tal proximidade. No decorrer de muitos séculos da história da humanidade no que diz respeito à nossa era, é possível notar como a religião e o próprio nome de Deus, além de muitos conceitos bíblicos foram muitas vezes usados por diversos seguimentos religiosos como justificativa para atos imorais. Do ponto de vista da subjetividade, Kant define a religião como sendo o conhecimento de todos os nossos deveres como mandamentos divinos (George pascal. “O pensamento de Kant”). Não se trata, portanto de conceber Deus como o escopo e o fundamento do dever, mas tão somente de reconhecer a necessidade que o produto do dever, ou seja, o efeito dele tem da ação de Deus para a sua realidade efetiva. Cabe lembrar que o dever só é mandamento de Deus, dada sua projeção ao bem supremo. Sendo Deus esse próprio bem, logo o dever se trata de uma articulação pela qual o homem se liga a Ele. É necessário lembrar que o dever pressupõe obediência, de modo que somente aquele que é obediente, é capaz de cumpri-lo efetivamente. O que fundamenta a moral é a prática da lei. Essa ultima, não está preocupada com a legalidade dos atos dos indivíduos, mas, antes, com a moralidade dos mesmos (os atos), pois, para a efetividade na execução das leis, basta que esses sejam morais. Em Kant, a única coisa que pode suspender a lei moral é a fé, aja vista que ela conduz a Deus que é – como já é sabido – o soberano bem.

Nenhum comentário: